Placar: Time A 5 x 12 Time B
Escalações e gols
Time A (Os Coens): Bernardo (2), Marcelo (1), Elio, Pérsio e Lula (2) |
Time B (Spielbergs): Gava (4), Cristiano (2), Antônio (6), Marcus e Filippelli |
Como foi o jogo (*por Antônio Luzzatto)
O feriado de Tiradentes trouxe desfalques — e o lema dos Amigos do Caroço, “Tem dez contigo!”, nunca esteve tão atual.
Mas, enquanto o Caroço enfrenta dificuldades para manter um quórum mínimo em atividade, muitos “integrantes” desfrutam la dolce vita.
De Miami e Buenos Aires, o ex-craque-agora-lesionado-profissional Polenta manda notícias alvissareiras: seu plano de tv a cabo lhe permite acompanhar o Inter em todos os lugares.
Cristiano Ledur, acompanhado de um indefectível Campari, já planeja sua aparição anual nos Amigos do Caroço...
Mas a noite era de jogo do Grêmio-meu-Greminho. Ao chegar mais cedo para assistir o primeiro tempo do representante gaúcho na competição continental, o ex-manager Filippelli sentiu a altitude e a fraca apresentação de seu amado time. Antes do jogo de fundo da noite, mister Filippa precisou fazer testes e foi reprovado. Sem condições, o ex-craque-pifador passou sua magia para Cristiano-John-Cusack-do-Caroço, que não decepcionou.
Aliás, esta semana o jogo foi de cinema.
Primeiro, precisamos louvar o responsável pela escolha dos times. Com uma atuação digna de um Spielberg, aquele que tudo sabe e tudo vê montou um elenco equilibrado, no Time B.
Um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos, Steven Spielberg já foi responsável por cenas memoráveis nas telonas. O que pouca gente sabe é que o diretor tem como sua assinatura o uso da técnica de contraluz, ou seja, quando o foco de luz fica atrás da cena, fazendo com que apareça apenas a sombra dos personagens ou sua silhueta escurecida. E foi assim no Caroço.
Já o Time A parece ter tido a direção dos irmãos Coen. Conhecidos por suas belas histórias policiais no cinema, eles criam personagens marcantes e um mundo um tanto quanto surreal e cômico. Têm o costume de alterar um pouco da realidade em histórias trágicas. Como a que aconteceu com o Time A.
Na famosa conversa na boca do túnel, Filippelli ("Oh, captain, my captain!") lembrou Robin Willians em A Sociedade dos Poetas Mortos: “Aproveitem o dia, garotos. Façam suas vidas serem extraordinárias.” E assim fez-se a mágica!
Noite de chutes certeiros, dribles envolventes, passes insinuantes... o Time B, que chamaremos a partir de agora de Spielbergs, sempre teve o controle da partida.
Cristiano assumiu a camisa 10 dos Spielbergs, carteando na função de maestro-pifador. Enquanto o John Cusack do Caroço abusava dos passes em profundidade, Gava fez parceria perfeita com Antônio (algo entre Batman & Robin, o Gordo e o Magro e ET & Rodolfo).
O outro lado era só tristeza e desencontros. Com 15 minutos de jogo, o Time A, que passaremos a chamar de Os Coens, já pensava em entregar os tacos. E entregou.
THE END: Os Coens 5 x 12 Spielbergs
Atuações
Então, mantendo o clima, se os jogadores do Caroço fossem filmes, as notas cinematográficas ficariam assim:
Time A (Os Coens)
Pérsio – consagrado com grande atuação na semana anterior, o ex-jovem Pérsio naufragou como o famoso transatlântico. Agora ele não é mais o king of the world. Filme: Titanic (1997).
Lula – "Lula, o filho do Brasil" seria a escolha óbvia para este consagrado personagem do Caroço. Uma vida marcada por uma notável capacidade de superação marcam as trajetórias dos Lulas do Brasil. Mas os fatos das últimas semanas nos levam a outro filme. Liberado para jogar baseado em uma liminar, a cabeça luminosa de Lula do Caroço lembrou o drama de Rubin "Hurricane" Carter. Em 1966, Hurricane era forte candidato ao título mundial de boxe, mas os sonhos de Carter vão por água abaixo quando três pessoas são assassinadas num bar em Nova Jersey. Indo para casa em seu carro e passando perto do local do crime, Carter é erroneamente preso como um dos assassinos e condenado à prisão perpétua. No jogo Lula lutou contra inimigos maiores e mais bem organizados. Marcou dois gols, foi apoiado por seus pares e prometeu voltar em 2018. Filme: Hurricane, o Furacão (1999). #freeLula
Marcelo – A primeira regra do Clube da Luta é não falar sobre o Clube da Luta. Marcelo lutou, seu alter ego Marcelino-gremistinha-da-ONU também, mas não foi suficiente. Marcou um gol e saiu de campo pensando em explodir prédios. Calma, Marcelino! Filme: Clube da Luta (1999).
Bernardo – Em 1822, Hugh Glass partiu para o oeste americano disposto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso, ficou seriamente ferido e foi abandonado à própria sorte pelo parceiro, que ainda roubou seus pertences. Mesmo com toda adversidade, Glass conseguiu sobreviver e iniciou uma árdua jornada em busca de vingança. O jogo desta semana é a parte quando Bernardo é atacado por um urso... marcou dois gols e correu muito. Sobreviveu. Aguardemos a semana que vem... Filme: O Regresso (2016).
Elio – O Presidente, depois de ter fotos sensuais vazadas e registros de suas peripécias na noite porto-alegrense oferecidas na grande rede mundial de computadores, vem procurando a discrição. Sua segurança na tentativa de evitar a queda do avião onde estava fez lembrar Sully, o herói do Rio Hudson (2016). Mas o avião do presidente caiu!
Time B (Os Spielbergs):
Antônio – Em noite inspirada, o folclórico atacante marcou 6 vezes. Lembrou Jack Nicholson ao comemorar o sexto gol: Here’s Johnny! Filme: O Iluminado (1980).
Gava – Muita movimentação, chutes tidos como impossíveis e uma grande atuação turbinada por Fanta Uva. Marcou 4 vezes e foi responsável direto por pelo menos metade dos gols do goleador da noite. Pelo cabelo de Richard Gere e pela parceria no ataque, o filme do craque é Sempre ao seu Lado (2009).
Cristiano – O John Cusack do Caroço é dono de uma extensa biografia cinematográfica. Esta semana jogou mais recuado, como o Messi joga no Barcelona, e brilhou de maneira diferente: marcou dois gols e esteve sempre além da linha vermelha. Filme: Além da Linha Vermelha (1998).
Marcus – Mais uma atuação segura do talvez maior zagueiro do Caroço em atividade (temos muitos em modo avião). A segurança foi tanta que a certa altura do jogo se podia ouvir ao fundo: "And I will always loooove youuuuu...". Filme: O guarda-costas (1992).
Filippelli – em noite de superação, Filippelli venceu todas as batalhas. Chegou cedo as instalações do Planet Ball com o objetivo de acompanhar o mistão do Grêmio em ação (com o empate fora de casa conseguiu a primeira “vitória”). Depois de um primeiro tempo com dificuldades na tela, nosso nobre guerreiro foi para uma bateria de testes no campo. Reprovado, não aceitou não como resposta. Decidiu experimentar coisas novas e foi para o gol. E como goleiro teve uma atuação memorável. Seu filme é Rocky: O Lutador (1976).
Bastidores
Depois do jogo, durante a animada resenha, deu para sentir bem a diferença entre os Coens e os Spielbergs. Enquanto um tomava Fanta Uva, outro saboreava uma cerveja gelada.
Deu match! (ao lado, Lula repousa após a partida).